Jogávamos botão na Galeria das Américas
Eu e o Cabrito jogávamos botão quando éramos menores. Me lembro que quando tinha meus 15 aos 17 anos, passávamos as tardes jogando botão no salão de festas da Galeria das Américas, onde o família do Cabrito tem um apartamento, e ele, um pouco mais velho que eu, tinha a melhor mesa da cidade.
Na época o time dele era o temido (pelos botonistas da cidade) Sport de Recife. O campo dele era a Ilha do Retiro. Bons tempos aqueles.
Durante um bom tempo paramos de jogar, mas meu time eu ainda tenho (no ano passado cheguei a jogar duas etapas do Municipal de Viamão, chegando a estar em sexto lugar no ranking da cidade). O Cabrito vendeu todos os seus botões quando casou e ganhou o primeiro filho (a fralda está cara). Eu mesmo comprei alguns de seus melhores atletas.
Naquela nossa turma de jogo quase que diário no Cabrito, jogavam também o Vinícius Ferreira, o Chambinho, o Rafael Dias (filho da Julieta e do João Dias), O Gago, Gordano, Giovane e meus dois irmão Rafael e Fernando.
As vezes o professor Cédio também aparecia, assim como o Daniel Bridi (filho da Lindalba) e o Joãozinho (filho do Narinho). Outro local que também jogávamos era na casa da saudosa dona Ambrosina (vó do Chambinho).
Nunca ganhei do Cabrito
Mas nos nossos jogos diários o que mais me incomodava era o fato de eu nunca ter conseguido vencer o Leonardo Petry Machado, o Cabrito. Um certo ano consegui o acesso para a primeira divisão da cidade. Subiam quatro e caiam quatro. Entrei, podemos dizer, pela porta dos fundo, a quarta vaga, o botão aqui era profissional mesmo.
Já na primeira divisão, na fase classificatória, através de um inesquecível sorteio, peguei o Cabrito como adversário.
Aquilo realmente foi como se a certeza da derrota estivesse ao meu lado, dentro da minha caixinha com meus botões. Entrei em campo olhando para aquela pessoa com dois sentimentos. O primeiro era uma eterna admiração, pois o cara é daqueles que não deixa tu bater no gol dele, e quando você entrega alguma bola, ele não erra, é fatal. O cara não erra. É gol na certa. A segunda sensação era de medo, pois poderia levar uma goleada na frente dos melhores botonistas da cidade.
Começou o jogo e em menos de dois minutos entreguei uma chance de gol clara demais. Por incrível que pareça, ele errou. Até hoje acho que foi por gosto, pois realmente ele é meu amigo. Mas antes dos quatro minutos entreguei outra barbada. Me lembro até hoje o “barulhinho” da bolinha estufando minhas redes. No final da partida, perdi por 5 a 0.
Hoje converso com o Cabrito mais raramente, pois a correria diária não está fácil. Mas é com enorme orgulho que vejo como ele segue sendo este botonista de primeira linha. Ele conseguiu melhorar. Este campeonato (a Copa RS), ele venceu com mais de 50 jogadores na disputa sem levar um gol sequer.
Muito em breve poderemos ter um campeão gaúcho de futmesa. Não só o Cabrito, mais outros botonistas da cidade tem a chance.
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